terça-feira, 20 de maio de 2014

Mas tornou-se tudo


Eu não estava ligando para minha saúde ou o bem estar, só queria dar o grito da independência e fazer o que desse na telha. Cansada de estar encaixada no rol das namoradas bonitinhas e comportadas, aquelas que no fim sempre são traídas por um motivo não muito definido. Meu estômago ainda estava dolorido do soco que recebi daquele que na minha tola cabeça era o máximo de felicidade que eu poderia alcançar.
Não queria ser para casar, não queria ser o ideal de mulher, nada de ser a “sexy sem ser vulgar”; eu estava pouco me fudendo para tudo e todos agora. Meu nome era rua de segunda a segunda: bar, amigos, cerveja, inúmeras noites em claro, cigarros, alguns baseados, whisky e vômitos... Muitos vômitos, dor de cabeça e ressaca.
Eu realmente estava me esforçando para ser o ponto errado de uma sequencia de fotos da vida. A ovelha negra que se perdeu na farra depois de um longo tempo amarrada em um potreiro nada amigável. As coisas fediam a minha volta mas o cheiro já não me perturbava, uma clara situação de concedente com a infelicidade; não a sua, nem a dele mas a minha infelicidade. Plantando e esperando florar um grande jardim que antes de tudo já estava morto.
Oi, prazer, sou a que busca a felicidade perdida na esbórnia sem nenhum remorso. Não quero ser meiga contigo, nem sua amiga e muito menos seu próximo amor. Não quero seu abraço nem sua demonstração de afeto. Não faça carinho nos meus cabelos e não pergunte como foi meu dia, não quero conversar, não quero laços, não quero plantar no meu jardim novas flores. Quero-o seco e obscuro.
Esquecer que existe amor e acreditar que nada é verdadeiro o suficiente para valer a pena, que lágrimas são para as fracas e eu estou na pista sem me importar com o que você pensa, vai achar ou concluir. Não peça explicações, neste molde de “dois” que formalizamos isto é utopia. Nada de mensagens. Nada de boa noite. Nada “de estou com saudade”.
Grande tola.
Este nada trouxe à vida a mulher meiga que fiz questão de afogar nas minhas lágrimas e tranca-la no mais profundo dos poços sentimentais. Pronunciava em silencio o quanto era bom estar contigo sem fazer nada, olhando para o teto e conversando enquanto mexe e faz carinho nos meus cabelos. Pergunto como foi seu dia e me engajo em fazê-lo sorrir. Recebo mensagens de bom dia, boa noite, bom trabalho e gostava.
Convidava-me para jantar e beber um bom vinho e imagino que não é amor, que não vai durar, que não estou apaixonada, que a minha teimosia ainda esta lá e que me perdi tanto em minha amargura que tenho medo de expressar-me.
Era para ser nada, mas tornou-se tudo.
V.S.R.

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