quinta-feira, 27 de novembro de 2014

My heart is a stronger





Forte como um diamante eu me enxergo entre sua escuridão que chamas de olhos

Infinito preto que envolve e adentra em minha pele, respiração

Asfixiada pelos seus pensamentos que insistem em burlar meus muros

Não procuro luz nem conforto, quero sangue e rebeldia.

Sentir a fúria resistente ao amor



De panos brancos e santos não somos feitos

Carregados de pecados, ombros largos possuímos para todo o mundo

Alguém se importa? Para onde ir?

Todos querem controlar respostas de perguntas que nem temos
V.S.R.

1 2 3 Drink!


Sia Kate Isobelle Furler (Adelaide, 18 de dezembro de 1975), conhecida também como Sia, é uma cantora e compositora pop australiana. Suas obras mais famosas são as colaborações com o grupo inglês Zero 7 e seus três álbuns solo de estúdio. Participou também com o conhecido DJ David Guetta nas músicas Titanium e She Wolf, e com o rapper e cantor de HipHop Flo Rida com a música Wild Ones.
Nascida na cidade de Adelaide (Austrália), Sia fez parte da formação independente de acid jazz Crisp e lançou dois álbuns com o grupo. Em 1997 ela lançou seu primeiro álbum solo, “OnlySee”, por uma gravadora que já não existe mais. Ela só atingiu maior sucesso quando se mudou para o Reino Unido e seguiu de vez com sua carreira solo.
Durante os anos seguintes, Sia lançou mais quatro álbuns solo: “Healing Is Difficult” (2000), “Colour The Small One” (2004), “Some People Have Real Problems” (2008) e “We Are Born” (2010). Ela também lançou vários EP e fez os vocais para várias faixas dos três primeiros álbuns do Zero 7.
Christina Aguilera tem Sia como uma de suas artistas preferidas e melhores amigas. Sia foi escolhida pessoalmente por Christina para trabalhar com ela em seu álbum Bionic, Sia escreveu as músicas All I Need, I Am, Stronger Than Ever e a emocionante You Lost Me. Em 2011 Sia foi convidada por Christina para ajuda-la no reality show The Voice no qual é treinadora vocal, o papel de Sia era ajudar o Time de Christina a se desenvolver vocalmente, e dar dicas de como cantar bem na fase dos duelos, onde duas pessoas se enfrentam do mesmo time e o treinador daquele time (no caso Aguilera) escolhia um entre os dois para continuar no programa e seguir para próxima fase. Sia também fez a música 'My Love' que teve participação em Saga Crepúsculo- Eclipse.
Anunciou Participação em dezembro de 2011, na música Titanium, com David Guetta. Em 2012 colaborou com o rapper Flo Rida em seu single "Wild Ones"1 . Em 2012 compôs o grande hit "Diamonds" para Rihanna.
Há quem garante que Beyoncé também tem preferencias em trabalhar com Sia. Em 2013 Beyoncé lançou repentinamente seu Álbum titulado: Beyoncé e sua música principal de trabalho foi Pretty Hurts composta por Sia. Em entrevista a uma revista Americana, indagada sobre um boato em que a música `Pretty Hurts seria composta para Katy Perry, Sia respondeu: "Quando Beyoncé ouviu isso, ela levou a base para casa e logo fechou o contrato”. No último verão o produtor Dr Luke, um dos produtores de Katy Perry, pegou a versão de Beyoncé e tocou para Katy ouvir. Ela amou. E logo em seguida enviou uma mensagem para Sia: “Estou muito machucada por você não ter me enviado essa música”. Sia então respondeu, ainda desapontada: “Cheque seu e-mail” e Katy finalizou, “Era para ser da Beyoncé, tenho certeza”







Lustre

Garotas festeiras não se magoam
Não sentem nada, quando eu aprender
Eu vou desmoronar, vou desmoronar


Sou aquela que 'me ligam para se divertirem'
Os telefones ficam tocando, estão tocando na minha porta
Eu sinto o amor, sinto o amor


1, 2, 3, 1, 2, 3, beba
1, 2, 3, 1, 2, 3, beba
1, 2, 3, 1, 2, 3, beba


Engulo tudo até eu perder a conta


Vou balançar ao ritmo do lustre, do lustre
Vou viver como se não houvesse amanhã
Como se não houvesse amanhã
Vou voar como um pássaro pela noite
Vou sentir minhas lágrimas enquanto elas secam
Vou balançar ao ritmo do lustre, do lustre


E estou aguentando firme pela vida
Não vou olhar para baixo, não vou abrir os meus olhos
Vou deixar o meu copo cheio até de manhã
Porque estou aguentando firme hoje à noite
Me ajude, estou aguentando firme pela vida
Não vou olhar para baixo, não vou abrir os meus olhos
Vou deixar o meu copo cheio até de manhã
Porque estou aguentando firme hoje à noite
Aguentando firme hoje à noite


O sol se pôs, eu estou um caos
Preciso ir embora agora, preciso fugir disso
Lá vem a vergonha, lá vem a vergonha


1, 2, 3, 1, 2, 3, beba
1, 2, 3, 1, 2, 3, beba
1, 2, 3, 1, 2, 3, beba


Engulo tudo até eu perder a conta


Vou balançar ao ritmo do lustre, do lustre
Vou viver como se não houvesse amanhã
Como se não houvesse amanhã
Vou voar como um pássaro pela noite
Vou sentir minhas lágrimas enquanto elas secam
Vou balançar ao ritmo do lustre, do lustre


E estou aguentando firme pela vida
Não vou olhar para baixo, não vou abrir os meus olhos
Vou deixar o meu copo cheio até de manhã
Porque estou aguentando firme hoje à noite
Me ajude, estou aguentando firme pela vida
Não vou olhar para baixo, não vou abrir os meus olhos
Vou deixar o meu copo cheio até de manhã
Porque estou aguentando firme hoje à noite
Aguentando firme hoje à noite
Aguentando firme hoje à noite
Porque estou aguentando firme hoje à noite
Porque estou aguentando firme hoje à noite
Aguentando firme hoje à noite
Aguentando firme hoje à noite
Porque estou aguentando firme hoje à noite
Porque estou aguentando firme hoje à noite
Porque estou aguentando firme hoje à noite
Aguentando firme hoje à noite
Aguentando firme hoje à noite

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Heavy Cro-o-o-o-o-o-wn !

Nestes últimos meses tenho ouvido mais os trabalhos da Ellie Goulding, tanto de seus CD's quanto participações com outros cantores. Vai ser uma cantora pop versátil lá na... Enfim. Muito boa

Então da Play!



Coroa Pesada

Minha vida anda louca, recebo conselhos para me acalmar
Ironicamente, vivo com pessoas prontas para matar
E se eu quero buscar conforto em números
Sei que sempre há uns milhões a mais
O fato é que, a minha bunda bonitinha
Está bem no topo da Billboard
E todos os meus parceiros que
Estão aqui desde o início, fico com a conta de vocês
E enquanto vou ficando ainda mais irada
Vamos triplicar o pedido de chapagne, derramar mais
Vamos acertar a pontuação de verdade
Tenho me perguntado o que o público ama mais
Então, vamos manter os pés no chão
Você sabe, estou arrasando o jogo quando piso no campo
Vocês estão todos loucos agora, não dá para voltar atrás
Eu jamais vou recear
Eles me amam como se estivessem me ajudando, agora
Eu precisava de um momento, achei-o
Ultimamente, estou comandando essa cidade
Especialmente, andando por aí com

Essa coroa pesada
Não dá para agradar sempre o público
Mas ainda assim, eu não vou me curvar
Essa coroa pesada
Ela vai e volta
E quando for a hora, eu a passarei com orgulho
Mas vadia, eu que a tenho agora

Então fique boazinha, garota, não odeie a garota nova
Dê um passo atrás, e cheque os fatos
E eu aposto que eles te dirão que eu faço isso
Copos cheios de um ponto de vista dependente, garota
Se já estava brava
Aposto que me odeia com minha música nova
Talvez você devesse repensar
Aquilo que sai de seus lábios
E ficar de boa com o que faço, ou vai tomar na bunda, vadia
Iggy A-Z-A, ou seja, capitã desse navio
Não tente me dar esmola, eu te prometo, linda
Não preciso dos seus dois centavos
Tire essa maquiagem, vamos ver quem você realmente é
Mas se você se sente como aquela garota, te abençoe
Vá viver como quiser
Quando você ouvir meu nome
Você deve saber que ela é da realeza
Eu sou a primeira e única, não há sequências
E eu estou usando

Essa coroa pesada
Não dá para agradar sempre o público
Mas ainda assim, eu não vou me curvar
Essa coroa pesada
Ela vai e volta
E quando for a hora, eu a passarei com orgulho
Mas vadia, eu que a tenho agora

Para todos que disseram que eu nunca venceria
Oh Senhor, como vocês estavam errados!
Eu marquei um encontro com a grandeza
Iggy Igg nunca esteve para brincadeira, espere aí
Para todos que disseram que eu nunca venceria
Estou no topo, rindo de suas caras
Eu pratiquei minha paciência por um tempo
Mas eu perco facilmente se você brincar comigo

Essa coroa pesada
Para todos que disseram que eu nunca venceria
Essa coroa pesada
Oh Senhor, como vocês estavam errados!

sábado, 22 de novembro de 2014

O som do MEU dia!

Bad Girl


#25 Coisas que aprendo antes dos 25 - Nunca deixe para amanhã o seu hoje

Por que já é a metade de cinquenta e alguma coisa eu devo ter absorvido de todos os socos que levei desta moça chamada vida.

Nunca deixe para amanhã o seu hoje





Talvez neste exato momento inconscientemente você completou o título desta última postagem sobre "Coisas que aprendi antes dos 25". Sim, você esta correto: Nunca deixe para amanhã o seu hoje porque NÃO SABEMOS e NUNCA SABEREMOS como será o nosso amanhã independente de quantos planos façamos.
Hoje estou completando 25 anos, um dia igual aos demais. A diferença não esta no meu externo apesar de ter crescido um pouco mais e minha cintura um pouco maior (o que ainda não me tirou do rol das magras demais, aceito meu corpo e a minha secura), a mudança esta lá no fundo do meu coração e tem tudo haver com o que passei em outubro, mês passado.
Apesar de não aparentar eu estive ausente por um bom período, as postagens agendadas foram ocupando a lacuna de tempo que eu não estava tendo e assim a cada semana o blog ia se atualizando sem eu nem dar as caras por aqui. No facebook só logava para dar uma olhada nas novidades sem grande interesse especifico assim como as demais redes sociais que participo que normalmente se atualizam devido uma estar conectada a outra; logo, uma postagem agendada aqui já caia no Google+, Twitter e no Pinterest. A única rede social que me mantive ON foi meu Instagram (@cbredlich), amo fotografia e apesar de não ser expert no assunto sinto um elo legal entre as fotos e os sentimentos, uma forma de expressão silenciosa.
No início do mês passado meu namorado sofreu um acidente de trânsito grave, foi algo que nunca pensei que passaria assim como não temos a ideia do quanto é doloroso passar por isto. Meu pai é motorista e apesar dos riscos da profissão nós achamos que este tipo de situação não acontece conosco, não com a nossa família, não com quem amamos. Mesmo sabendo dos riscos da estrada ficamos aparentemente tranquilos, desejamos um "boa viagem", "dirige com cuidado" já no modo automático porque nunca aconteceu nada e nunca irá acontecer.
Era um sábado normal, acordamos como qualquer outro dia normal, me deixou em casa, lhe desejei boa viagem, dirige com cuidado e devagar. Trocamos mensagens na ida, durante a volta e estava tudo bem. Havíamos marcado de jantarmos juntos pizza, a melhor pizza da cidade e assim passou-se 30 minutos do horário (mais ou menos) estipulado para sua chegada. 40 minutos. 90 minutos. Mandei novas mensagens sem retorno mas é claro que sempre pensamos em um atraso normal, em uma parada não programada... E 120 minutos depois recebo a notícia.
O que aprendi (e da forma mais cruel) com tudo isso:
  1. Que cinto de segurança salva vidas, de verdade;
  2. Que quanto mais você corre de carro mais próximo da tragédia você anda (tudo poderia ter sido muito pior se estivessem em alta velocidade);
  3. Ame, ame muito, ame sem medo;
  4. Tenha paciência com as pessoas que te querem bem, quando passamos por algo assim é inevitável darmos mais valor as pessoas e a respeita-las mais;
  5. Apesar do seu dia ter sido ruim, não despeje esta carga negativa nos que te amam;
  6. Valorize seus amigos, sua família, seu(a) companheiro(a);
  7. Se quer ir viajar, viaje hoje. Não adie tudo o que você pode fazer no curto prazo. Viva os momentos, viva as emoções;
  8. Se errou, peça perdão;
  9. Se deixar para resolver um problema pessoal com alguém para amanhã, pode não ter esta chance no amanhã;
  10. Ame sua vida e agradeça por ela.
Apesar de todo o sofrimento e do susto, meu amor esta bem. Sua recuperação é de forma lenta e constante assim como os demais passageiros do veículo aparentavam estar... A cada dia eles foram evoluindo para melhor e acalmando os corações das pessoas que os queriam bem. Porém, se Deus existe e tem um plano para a vida de todos nós confesso que não entendo-o; a exatos trinta um dias atrás (22/10) recebia a notícia que um dos passageiros do veículo não resistiu e veio a falecer  :(
Ele deixou uma esposa e três lindos filhos.
Então, o que eu quis passar neste texto é que nada vai valer a pena se não colocarmos amor nas coisas, nenhum esforço será bom o bastante se não vivermos com leveza, com paixão. Temos que dar valor as pessoas que nos cercam e temos que demonstrar o quanto elas são especiais para nós. Não podemos ter medo da vida e dos sentimentos, não podemos segurar nossas emoções porque o amanhã ninguém conhece e talvez amanhã você não consiga dizer o "eu te amo" que deixou de dizer hoje a pessoa mais especial da sua vida.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Precisamos falar sobre aborto


*Junte-se a nós! Baixe o cartaz aqui, faça uma foto segurando a imagem que abre esta matéria e poste em suas redes sociais na quarta-feira, dia 19 de novembro. Não esqueça de usar a hashtag #precisamosfalarsobreaborto

É noite de feriado prolongado na cidade de São Paulo. Insone, B. recapitula em sua cabeça as orientações que um aplicativo de mapas lhe deu. Metrô até a avenida Paulista, ônibus até um bairro nobre da zona sul e uma caminhada de 10 minutos. Ainda naquela noite, ela planejou que no dia seguinte acordaria às 7 horas pra chegar pontualmente às 10 no lugar marcado, uma clínica de ginecologia. Feito. Antes das 13 estava no ônibus de volta, a caminho de casa. Com ela, a certeza: “Tinha de novo minha liberdade”. Aos 29 anos, com pouco mais de dez semanas de gestação e “R$ 4 mil em dinheiro vivo”, B. fez um aborto. Ilegal, no seu caso. Para a legislação brasileira, só têm direito a aborto mulheres que engravidaram por causa de estupro, ou se existe algum risco de vida à mãe ou se ficar comprovado que o feto é anencéfalo – essa, uma decisão de 2012 do Supremo Tribunal Federal. Nenhuma das situações era a de B. Ela só não se via como mãe, e teve o azar de seu método contraceptivo falhar. Usava o DIU há pelo menos 2 anos quando engravidou. Para mulheres como B., no Brasil, não existem alternativas a não ser os serviços clandestinos e a confiança no desconhecido. 
A Pesquisa Nacional de Aborto (PNA), realizada pela antropóloga Debora Diniz e pelo sociólogo Marcelo Medeiros em 2010, é uma das mais recentes e importantes sobre o assunto. Feita na Universidade de Brasília em parceria com a organização ANIS – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero –, a pesquisa virou referência para a Organização Mundial de Saúde. E revela: mais de uma em cada cinco mulheres entre 18 e 39 anos de idade já recorreu a um aborto na vida. Dados da OMS vão além: atestam que o número de abortos ilegais ultrapassa 1 milhão por ano no Brasil. Ainda assim, o código penal prevê punição de um a três anos de cadeia a gestantes que realizem o procedimento. 
Está claro: nem a interdição legal (ou a proibição religiosa) impede essas mulheres de interromper suas gestações quando isso é necessário. Mas a maneira como cada uma delas resolve a questão pode ser muito diferente. Para Rosângela Talib, psicóloga e coordenadora da ONG Católicas pelo Direito de Decidir, que há 20 anos luta pelos direitos reprodutivos e sexuais da população, tudo depende basicamente da classe social e do poder econômico de cada mulher. “As políticas de criminalização do aborto criam um recorte cruel, e só fazem com que brasileiras pobres se submetam a abortos inseguros, em condições insalubres. Quem tem dinheiro consegue pagar por serviços que, mesmo ilegais, são mais seguros e, logo, têm menos riscos.” 
Sem o cuidado e a regulamentação da lei, o aborto clandestino ganha pernas próprias e anda de acordo com a vontade de profissionais que aceitam atender em condições de criminalidade – ou com a coragem de mulheres que realizam a interrupção através de métodos caseiros. A PNA diz que o método mais comum são os medicamentos que provocam o abortamento do embrião. A pesquisa não identifica quais os utilizados, mas sugere que entre eles o Misoprostol – nome do princípio ativo do Cytotec – seja o mais difundido. Acontece que, mesmo quando um aborto começa de forma aparentemente simples, com a ingestão de comprimidos, o caráter caseiro do procedimento não traz garantias pra quem o faz. 
Um estudo feito pelo Instituto do Coração (InCor) com base em dados do Datasus de 1995 a 2007 revela que a curetagem – procedimento necessário quando existem complicações após um aborto – foi a cirurgia mais realizada no Sistema Único de Saúde no intervalo de tempo avaliado, com 3,1 milhões de registros. Em seguida vieram correção de hérnia (com 1,8 milhão) e retirada da vesícula (1,2 milhão). Ainda no SUS, em 2013, foram 205.855 internações decorrentes de abortos, sendo 154.391 por interrupção induzida. 
Ou seja, a rede pública de saúde tem pagado a conta por tantos procedimentos clandestinos. “Temos um gasto enorme não só porque o SUS precisa tratar a mulher que vem de um aborto inseguro, mas também precisa tratar as sequelas que um procedimento malfeito pode deixar. Problemas de ordem reprodutiva. Lesões nos órgãos genitais, infecções, hemorragias e perfurações no útero são alguns”, diz Thomaz Gollop, médico geneticista do Hospital Israelita Albert Einstein e coorde nador do Grupo de Estudos sobre o Aborto (GEA). 
A insalubridade, a falta de segurança e o medo guiam a mulher que precisa interromper uma gravidez. Sim, o termo é precisar. “O aborto é sempre o último recurso. Nunca é feito sem dor e sofrimento, não se trata de um gosto ou de uma frivolidade”, afirma Rosângela, que recebe no escritório das Católicas mensagens de socorro, escritas por mulheres que já não sabem o que fazer e veem o aborto como a única saída. Um estudo da ONG aponta que 83% delas se dizem cristãs, mas não menos aflitas. 
A pesquisa PNA também encontrou um retrato comum entre as mulheres que decidem por um abortamento. “Ela usa métodos contraceptivos regularmente. É religiosa e, muitas vezes, mãe de família. Está no mercado de trabalho. Insistimos na caricatura de que ela é ‘promíscua com incontáveis parceiros’ para sustentar o tabu. Erramos. Ela é sua mãe, minha irmã, a menina que trabalha com você”, esclarece Debora Diniz. 
Márcia Tiburi, filósofa que já escreveu muito sobre o assunto, garante: o discurso antiaborto ajuda na construção desse tabu. E faz isso porque se mascara como um argumento “do bem” defendendo “a vida” (do embrião) quando, na verdade, é uma tentativa de controlar o desejo feminino. 
Sobre esse controle do desejo feminino, o juiz criminal e professor de direito penal da PUC de Campinas (SP), José Henrique Torres concorda com Márcia. “A criminalização do aborto não tem nada a ver com a proteção do feto. Ela é, na verdade, o controle da sexualidade feminina. Em pouquíssimos casos a polícia instaura um inquérito contra quem pratica o autoaborto. Embora essa criminalização quase não acarrete prisões, ela é uma ameaça constante sobre qualquer mulher.” Torres faz parte de uma Comissão Especial de Juristas que luta pela mudança no código penal brasileiro defendendo a descriminalização do aborto. 
O Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM), coordenado no Brasil pela advogada Gabriela Ferraz, acabou de fechar uma parceria com a Defensoria Pública do Estado de São Paulo. O objetivo é mapear quem são as mulheres presas no país por autoaborto e prestar assessoria jurídica gratuita a elas. “Comparado a outros crimes, como o tráfico de drogas, o autoaborto tem um número baixo de registros policiais. Mas, sim, existe mulher presa e existe mulher que está respondendo a processos”, afirma. Gabriela reforça que até na penalização existe o recorte social e econômico: quem cumpre pena é a mulher pobre. “É um crime que admite uma série de benefícios. Fiança é um deles. Mas os valores são absurdos. Acompanhei o caso de uma fiança de R$ 10 mil para uma empregada doméstica. Ela não pode pagar o valor, e hoje está em regime semiaberto.” 
Em 56 países o aborto é permitido sem nenhuma restrição e sua legalidade varia de acordo com o tempo gestacional. Na França ele é legal desde 1974. No Uruguai, que descriminalizou o aborto em outubro de 2012, a mulher que não deseja levar a gravidez adiante pode interrompê-la até a 12ª semana. Em Cuba, desde 1965, a prática é legal até a décima semana de gestação. Na Suécia, é possível optar pela interrupção até a 18ª semana. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina defende a legalização até a 12ª semana. Em declaração recente para o jornal Folha de S.Paulo, o presidente do órgão, Roberto Luiz d’Avila, disse que nesse período “o risco para a gestante é menor e o sistema nervoso central do feto não está formado”. Porém, nem mesmo entre os Conselhos há um concenso, alguns dos Regionais são contra o posicionamento do CFM. 
Luciana Genro, candidata à presidência nas últimas eleições pelo PSOL, foi, ao lado de Eduardo Jorge (PV) e Zé Maria (PSTU), quem abertamente defendeu a descriminalização da prática, alegando que este é um problema de saúde pública e de direitos humanos e reprodutivos. A presidente eleita Dilma Rousseff (PT) e seu adversário Aécio Neves (PSDB), quando questionados, declararam que a lei deveria ficar como está.
Marina Silva (PSB) falou em plebiscito – ideia que os especialistas rechaçam. “É uma questão de âmbito privado. Legalizar não significa obrigar ninguém a fazer. A decisão seria de cada uma das mulheres”, afirma Thomaz Gollop. 
Em julho de 2013, Juliano Alessander e Kauara Rodrigues, junto com o Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), publicaram o Mapa do Fundamentalismo no Congresso Nacional. Ali, estão apontadas proposições legislativas em curso com a intenção de criminalizar qualquer tipo de aborto. A PL 5.069/2013, de autoria do deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), “tipifica crime contra a vida o anúncio de meio abortivo e prevê penas específicas a quem induz a gestante à prática do aborto”; um Projeto de Decreto Legislativo, do deputado Henrique Afonso (PV/AC), pretende sustar a Norma Técnica de Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual Contra Mulheres e Adolescentes, e propõe que a vítima de estupro seja obrigada a ter o filho de seu agressor. 

Matéria do site Revista TPM reproduzida parcialmente.
Leia a reportagem na integra no link acima.

Descriminalize já!
#PrecisamosFalarSobreAborto
#EuApoio