quarta-feira, 13 de maio de 2015

Machismo nosso de cada dia



Leio muitas reportagens sobre o mundo real que nos cerca, a vida nos mínimos detalhes que ninguém conta ou melhor que tentam esconder, afinal, não precisamos mais de feminismo pois as mulheres “já conquistaram tudo que o queriam”. Aham, senta lá Mariana.

Especificamente após ler uma matéria o que foi para mim um belo surdão no ouvido, fiquei pasma porque puta que pariu eu passei, passo e ainda passarei por estas situações. Sendo mais direta #caguei pra vocês que não enxergam um palmo da fuça que lhes pertence e que ainda acham que mulher TEM A OBRIGAÇÃO, adquirida no momento que é parida, de cuidar de casa, do marido e dos filhos sozinha, cozinhar, passar, esfregar, o velho esquentar a barriga no fogão e esfriar no tanque. Somos eternas serviçais. Certo? Errado.

Se não cai para este lado da conversa temos o velho questionamento comportamental, somos loucas varridas ciumentas esquizofrênicas e coitado do cara ter uma mulher dessas. Eu fico louca varrida ciumenta esquizofrênica se o cara TENTA me tratar como um ser acéfalo sem posicionamento, ou melhor, o meu posicionamento está sempre errado e o dele, claro, dono da razão e verdade está certo “porque eu não sei de nada” ou “estou louca” ou “sendo infantil insegura”.

Um dia desses conversando aleatoriamente com pessoas que não vem ao caso, soube que uma pessoa distante mudou radicalmente sua vida para ir morar no cu de mundo com o marido, o motivo mais óbvio: o salário dele é mais representativo então... Né gente, vocês entendem. Claro! Ele ganha mais o que é super justificável a mulher deixar de seguir seu plano para morar lá, sei lá onde na verdade.

Ai que preguiça desta sociedade filha da puta que fazem mulheres cheias de atitude, com um futuro lindo pela frente e com inúmeras oportunidades podarem pela raiz uma ascensão e desbravamento na profissão ou qualquer sonho que optou para chamar de seu.

Gostaria de deixar claro que não estou aqui para julgar decisões alheias afinal cada um faz o que quer da vida, mas olhem mulheres mais de perto tudo o que vocês passam, o que aturam, as risadinhas sem graça que tem que dar todo santo dia para seus amigos, colegas, esposo e homens que as cercam por estarem sendo completos babacas, te anulando, te deixando dentro de um casulo onde só eles podem dar o grande voo.

Em alguns momentos vejo situações machistas por parte do meu pai, no meu namorado, nos meus amigos e demais círculos. Certa vez após almoçarmos (eu, minha irmã e meu pai) eu disse para todos “cada um lava o seu prato”, meu pai muito certo de sua autoridade quanto homem e que por ser homem o isenta de tarefas domésticas disse “porque eu tenho que lavar meu prato? Não vou lavar meu prato!” oras bolas né?! Olha, respeito aqui pelo meu pai transborda mas nestas ocasiões a coisa muda. Tem que lavar sim, porque você comeu então sujou, lavou. Cada um limpa o que sujou e ser homem não o faz diferente.
Constantemente até converso com meu namorado sobre estas questões porque é importante compreenderem o que estão fazendo (homens), pois muitas vezes os fazem inconscientemente. Foram criados assim, educados desta forma fazendo-os crer ser normal os comportamentos descritos na reportagem abaixo.
Voltando sobre o texto que mencionei lá no inicio desta postagem, reposto as partes mais especificas, para lê-lo na integra clica aqui (Think Olga).


Quando você pensa em machismo, o que vem à sua cabeça? Estupro, violência doméstica, restrição econômica, submissão e subserviência. Porém, existem alguns comportamentos machistas que permeiam nosso cotidiano e sequer nos damos conta. Gestos que parecem inofensivos, mas na verdade roubam nossa força, nosso espaço e limitam as possibilidades das mulheres. Mas estamos de olho! A Think Olga traz uma explicação sobre quatro tipos de machismo invisíveis para te ajudar a combatê-los no seu dia-a-dia: manterruptingbropriating, mansplaining e gaslighting. São comportamentos batizados em inglês sem tradução oficial. Mas também achamos imprescindível pensarmos em versões em português!

A palavra é uma junção de man (homem) e interrupting (e interrupção) Em tradução livre, manterrupting significa “homens que interrompem”. Este é um comportamento muito comum em reuniões e palestras mistas, quando uma mulher não consegue concluir sua frase porque é constantemente interrompida pelos homens ao redor.

Em março, um caso típico ganhou a internet: em um painel do SXSW 2015, evento de inovação, música e cinema que acontece todos os anos em Austin, Texas, uma mulher brilhante discutia a baixa presença feminina na tecnologia ao lado de dois homens, igualmente inteligentes. Eram eles o chairman do Google, Eric Schmidt, o jornalista e biógrafo do Steve Jobs, Walter Isaacson, e a Chefe de Tecnologia do governo americano (Pentágono), Megan Smith. E, apesar de o papo ser sobre ampliar as possibilidades para as mulheres, os homens da mesa não estavam dispostos a ceder espaço a ela. Cada vez que Megan Smith tentava fazer uma colocação, era interrompida de forma desnecessária por um dos dois homens:

  • “Sim, Senhora Smith, sei que você pode falar sobre isso melhor que ninguém, mas é que…”
  • “Acho que esta pergunta (da plateia) tem bastante a ver com a área da Senhira Smith, mas eu só queria falar que…”
  • (falando por cima dela) “Sim, Senhora Smith, mas o que vale a pena ser dito é que…”

 Vídeo aqui.

Esta postura clássica de manterrupting foi tão impactante que uma pessoa na plateia perguntou porque eles não deixavam Megan falar. O público, que estava incomodado, aplaudiu de pé. 

O termo é uma junção de bro (curto para brother, irmão, mano) e appropriating (apropriação) e se refere a quando um homem se apropria da ideia de uma mulher e leva o crédito por ela em reuniões. Quando colocamos uma ideia, muitas vezes não somos ouvidas. E então, um homem assume a palavra, repete exatamente o que você disse e é aplaudido por isso. Quem já não se viu nesta situação?
Em seu livro “Faça Acontecer”, Sheryl Sandberg, Diretora de Operações do Facebook, convida as mulheres a sentarem à mesa. A serem conscientes de seus lugares e de sua importância na sala de reuniões. Ela explica que somos criadas como delicadas, suaves e gentis, jamais como enfáticas ou assertivas. E quando nos impomos somos vistas como masculinizadas. Não há dúvidas de que isso atrapalha nossa vida profissional.
O termo é uma junção de man (homem) e explaining (explicar). É quando um homem dedica seu tempo para explicar a uma mulher como o mundo é redondo, o céu é azul, e 2+2=4. E fala didaticamente como se ela não fosse capaz de compreender, afinal é mulher. Mas o mansplaining também pode servir para um cara explicar como você está errada a respeito de algo sobre o qual você de fato está certa, ou apresentar ‘fatos’ variados e incorretos sobre algo que você conhece muito melhor que ele, só para demonstrar conhecimento. Acontece muito em conversa sobre feminismo!
A verdadeira intenção do mansplaining é desmerecer o conhecimento de uma mulher. É tirar dela a confiança, autoridade e o respeito sobre o que ela está falando. É tratá-la como inferior e menos capaz intelectualmente. Talvez você não tenha percebido isso de forma tão explícita no seu cotidiano, mas com certeza agora irá prestar atenção na maneira como seu chefe ou seu marido falam com você, com os elogios desnecessários ou idiotas que você recebe, nas mensagens bobas de parabéns pelo dia das mulheres. Tá tudo lotado de mansplaining.
Gaslighting é a violência emocional por meio de manipulação psicológica, que leva a mulher e todos ao seu redor acharem que ela enlouqueceu ou que é incapaz. É uma forma de fazer a mulher duvidar de seu senso de realidade, de suas próprias memórias, percepção, raciocínio e sanidade. Este comportamento afeta homens e mulheres, porém somos vítimas culturalmente mais fáceis. No dia a dia, aposto que vocês já ouviram alguma vez – ou várias:

  • “Você está exagerando”
  • “Nossa, você é sensível demais”
  • “Para de surtar”
  • “Você está delirando”
  • “Cadê seu senso de humor?”
  • “Não aceita nem uma brincadeira?”
  • E o mais clássico: “você está louca”. 
Um caso recente, ocorrido dentro da marinha americana, foi noticiado pela imprensa: cinco mulheres afirmaram ter sido vítimas de estupro dentro da corporação. Poucos meses depois, todas foram afastadas por problemas emocionais. Outras mulheres relatam casos dentro da instituição. Após denunciar as agressões, ouviram de volta:
  • “Não venha me aborrecer só porque fez sexo e se arrependeu.”
  • “Isso nunca aconteceu. Agora pode ir embora.”
Isso é gaslighting. Uma forma de manipulação que desencadeia um total esvaziamento da autonomia da vítima. Uma ferramenta presente em muitos relacionamentos, que levam as mulheres a abrir mão de suas escolhas, de suas opiniões e até de cuidar da sua própria vida. É desempoderamento, opressão e controle. Algo que não deve ser admitido em nenhuma situação.

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