terça-feira, 7 de agosto de 2018

Uma relação de amor e ódio

Olá pessoal! A cada quinze dias vocês irão me ver por aqui dando pitacos e resenhas de livros, além de compartilhar como mantê-los em bom estado e como ler mais!
Antes de mais nada gostaria de explicar a vocês que muito do que vou dividir é a minha opinião pessoal sobre os livros então, se por acaso eu não agraciar o seu predileto com tanto entusiasmo, me perdoe. Juro juradinho que não foi com intenção.
Ah, não vamos nos prender a livros conceituais, de leituras que dão um nó na nossa cabeça de tão complexos ou cult, afinal não temos que aparentar ser sabichões literários. Eu irei compartilhar com vocês erros e acertos de inúmeras compras no escuro, indicações e de todos os estilos possíveis.
Vamos falar de sofrimento? Pois esta “protagonista” em uma escala de 0 a 100% se entristeceu, chorou, foi julgada e doou completamente a sua vida em 98% das vezes. Com uma baita história linda e triste e que me fez repensar se eu terminaria a leitura por diversas vezes, hoje vamos de A Teoria de Tudo.
Autora: Jane Hawking
Editora: Única
Páginas: 448

Média de preço: R$ 17 – R$ 39
O livro foi escrito por ninguém menos que Jane Wilde Hawking, ex-mulher do cientista conhecido mundialmente, Stephen Hawking. Casados entre os anos 1965 a 1995, Jane conta como conheceu, apaixonou-se e casou-se com Stephen. O livro biográfico não se limita ao romance dos dois, ele se aprofunda na relação familiar complexa e difícil entre Jane e os pais de Stephen, a descoberta da doença degenerativa, sua rotina e o reconhecimento profissional – dele – e a perda dos sonhos de Jane.
O livro é um tanto quanto intrigante e sua narrativa inicia-se com as apresentações das famílias, tanto de Jane quanto dos Hawking’s. A Jane apresentada é uma mulher vigorosa, com desejo de descobertas e conhecimento, sempre participando de intercâmbios e viagens conforme lhe era possível. Conhecemos uma mulher com um grande desejo de viver sem grande ostentação.
Por sua vez, a família Howking é um tanto diferente. Família de mais posses e “cultura” digamos, Stephen e seus irmãos sempre foram instigados a serem melhores e brilhantes. A mesa de jantar assuntos científicos é costumeiro, além de frequentarem constantemente óperas e atividades culturais mais requintadas.
Assim que Jane conhece Stephen não é amor à primeira vista, mas aquele rapaz um tanto peculiar lhe chama a atenção, até que percebe que sua preocupação constante com ele é na verdade amor. Stephen por sua vez descobre que possui uma doença sem cura e degenerativa, a ELA – Esclerose lateral amniótica e lhe dão 2 anos de vida. Começa então o calvário de Jane.
Caracterização dos atores protagonistas na adaptação cinematográfica
O livro nos dá a impressão de ser muito sincero. Jane explana suas emoções e por muitas vezes ressentimentos quanto as situações que enfrenta. Há momentos (e que se repetem em um eterno ciclo vicioso) ela está completamente só e sem apoio. O livro aborda em várias ocasiões o brilhantismo de Stephen, a criação e a defesa de suas teorias, a dificuldade do meio acadêmico tanto quanto orçamentária quanto estrutural. Entretanto o foco é a vida deles e como enfrentam juntos e ao mesmo tempo sozinhos a doença.
“Eu precisava agarrar-me a qualquer fio de esperança que pudesse encontrar e manter a fé suficiente por nós dois se houvesse algo de bom em nossa triste condição.”(p. 42)
Conforme a doença evolui, a vida do casal, dos filhos e dos pais sofrem interferência direta. Com ajuda muitas vezes advindas dos alunos do cientista, Jane é eternamente grata pelas pessoas boas que estão a sua volta, ao mesmo tempo que isso não é o suficiente para que ela siga alguns de seus sonhos, como terminar seus estudos. Em contrapartida, o sonho de Stephen ele segue ferozmente apesar de suas limitações.
– Credo Carol, como você pode escrever de forma tão sem coração sobre um dos físicos mais influentes da atualidade e que ainda enfrenta grandes dificuldades devido a sua doença degenerativa!?
É simples pessoal, eu senti muita solidão em Jane. Ao mesmo tempo que se doava grandemente para tornar a vida de Stephen a melhor possível, Jane não parava de ser julgada, diminuída e até questionada sobre a paternidade de seu terceiro filho. Tive para mim que este livro foi um grande desabafo sobre as três décadas de seu casamento. Apresenta o lado mais humano e verdadeiro dos sentimentos que teve e nos mostra claramente que quem convive com a doença também sofre tanto quanto o enfermo.
Quase desisti da leitura? Sim, confesso. Uma relação de amor e ódio. Inúmeras vezes o livro fica chato por conta dos mínimos detalhes repetitivos das dificuldades que eles passam por conta da doença. São tantas dificuldades que chega um momento que você pensa “Amiga, já entendi o seu sofrimento e de sua família. Vamos virar a página? ”. Um pouco cruel da minha parte escrever isto, mas estou sendo bem sincera. Dá um pouco de sono e parece que faltou dinâmica nestas partes.
Outro ponto a se destacar é a extensão de situações que no fim nada acrescentam a história como um todo, por exemplo, as explanações detalhistas ao extremo de visitas, festas ou situações do cotidiano. Tem que ter uma certa paciência.
Mesmo assim A Teoria de Tudo é uma história forte, com riqueza de detalhes (olha o amor e ódio aqui de novo) e acima de tudo comovente. Mostra abertamente o grande físico na sua completa dependência. Estes ciclos de um acontecimento feliz para cinco desagradáveis do livro te mostra a realidade nua e crua do dia-a-dia de uma pessoa com ELA e toda sua família. O quanto afeta a tudo e a todos.
E se você ainda está na dúvida se irá ler A Teoria de Tudo, vou lhe dar 7 motivos:
  1. Vai aprender o que é amor de verdade;
  2. É a biografia do maior físico do mundo;
  3. Conhecerá o processo da doença de Stephen e sua vida antes e depois de sua voz robótica;
  4. Não mostra um casamento perfeito e nem tenta glamourizar;
  5. Mostra que grandes mentes também erram;
  6. Restaurar sua fé no amor e que um final feliz não é necessariamente junto; e
  7. Que sucesso e brilhantismo não depende da capacidade física.
O livro ganhou adaptação cinematográfica lançado em 29 de janeiro de 2015 e rendeu um Oscar de Melhor Ator para Eddie Redmayne (Stephen Hawking) e uma indicação para Felicity Jones (Jane Hawking) como Melhor Atriz.

Texto originalmente publicado para Immagine

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