Um
dia um amigo me perguntou “escuta, mas por que você vai sair com esse cara?” e
eu respondi “ué? precisa ter razão pra isso?” e ele retrucou “precisar não
precisa… Mas se você parar pra pensar, sempre tem uma razão.”
E
comecei a pensar nisso.
“Sempre
tem uma razão.”
... Interessante. |
Acho
que tem mesmo. Deve ser por isso que aceitamos alguns convites de cara, outros
depois de alguma insistência, outros nem que a vaca tussa. Talvez por
isso, às vezes, a novela que a gente nem assiste seja uma bela desculpa pra não
sair e outras vezes seja tão fácil sair às 23hs, sabendo que no dia seguinte
nos levantamos às 6hs.
Mas
sabemos que a explicação para sair ou não sair com uma pessoa não é muito
simples nem muito racional. Sair, simplesmente sair. Sem perspectivas, sem contratos,
sem promessas. Por que às vezes sim? Por que às vezes não?
Sempre
haverá um espírito de porco para dizer que a mulher só vai aceitar o convite se
ele for bonitão, ou bem sucedido, ou endinheirado. Ou tudo isso. De fato há
algumas mulheres que colocam o foco nisso. Assim como há homens que buscam
peitos, bundas e roupas de marca. Sem problemas, tomara que eles se encontrem,
tomem bons drinks e sejam felizes.
Quando o gato que você QUER te convida para sair... Sua reação é mais ou menos assim, não negue. Jesus ta vendo... |
Mas
a imensa maioria das mulheres (e dos homens também, penso eu) busca algo além
disso. Não digo “mais do que isso”. Mas algum diferencial que dê mais sentido a
todo esse contexto.
E,
desde então, comecei a infernizar minhas amigas com essa pergunta. Sem nenhuma
intenção de análise, mas por mera curiosidade de saber quais as razões que as
fazem topar ou não um jantar, um chopp, um café ou uma caminhada no parque.
E
então, eis o que ouvi delas, sem filtros, depois de perguntar “por que você vai
sair com esse cara?”:
*Porque
ele é engraçado. É leve. Porque sei que se sair com ele vou esquecer um pouco
os problemas e o trabalho e voltar renovada. E porque ele manda aquela carinha
do capeta no whatsapp.
*Acho
que é porque ele repara na minha mão. Ele não fala nada, mas sei que ele vê que
eu troquei de esmalte ou tô com um anel que ele nunca viu. E tenho a sensação
de que se ele repara na minha mão, ele se importa.
*Porque
ele cuida da mãe que está doente. E fala nela com um amor que chega até a doer.
*Vou
sair com ele porque ele me ouve. E ouve com o maior prazer e o maior interesse.
Pergunta coisas sobre mim que eu nunca cogitei pensar. E eu me sinto mega
importante por alguns minutos.
*Porque
ele é gato. Só isso. O resto é uma porcaria.
*Porque
apesar de ser advogado tributarista, ele tem 9 tatuagens.
*Porque
ele come pra caramba! Porque ele sempre vai querer ir em algum lugar gordo que
eu tenho culpa de ir sozinha e vai me incentivar a pedir um sanduiche com bacon
e cheddar.
*Porque
eu admiro esse cara. Ele criou uma empresa do zero. Batalhou cada dia e cada
centavo, apertou os cintos e trabalhou de sol a sol. E é bonito de ver ele
falar com amor e orgulho sobre o que faz.
*Porque
ele fala bonito. Até pedindo outro chopp parece que ele tá declamando Vinícius.
*Porque
ele brinca com a sobrinha nas tardes de sábado. Ele seria um pai incrível.
*Sei
lá. Ele é feio. E não tem um emprego muito bom, nem fez pós. Mas ele tem um
borogodó… Um charme, não sei… Dá aquele friozinho na barriga quando ele
liga. Gosto dele, eu acho.
*Porque
ele me lembra o Daniel Boaventura.
*Porque
ele foi mandado embora do emprego, que nem eu. E a gente ri disso tudo juntos.
*Porque
no primeiro encontro eu levei um tombo de calça branca e mesmo assim ele me
chamou pra sair de novo.
No
fim das contas, acho que não tem muita explicação, nem muito sentido. E acho
que não tem que ter mesmo.
Mas
o fato é que todo mundo sempre tem algo incrível aos olhos de quem vê, simples
assim. Não tem desculpa: a gente sempre é interessante para alguém, por
mais porcaria que a gente possa se achar.
Como
Eduardo e Mônica, encantados pela tinta no cabelo ou pelo futebol de botão com
seu avô.
“E
quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?
E
quem irá dizer que não existe razão?”
Por Ruth Manus
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