Problemas no paraíso, princesa? Eu sei, você não vai dizer. Mesmo que acorde com uma faca no pescoço vai dar um jeito de transformar isso em um ato romântico e postar uma foto no instagram pra causar inveja nas amigas. EU SEI. Mas, tudo bem, eu quero mesmo tocar seu coração como uma gaita de fole. Eu também sei que relacionamentos são maravilhosos e estar apaixonado é como ter sempre a última fatia do bolo à sua espera, sentir a brisa emaranhar seus cabelos com suavidade e sorrir com os passarinhos cantando. E que não tem nada melhor do que acordar ao lado de quem a gente ama, receber aquela mensagem fofinha de bom dia e passar o dia fazendo planos à dois. Contudo, relacionamentos também decaem de qualidade. A flor murcha, o sol se põe, o vento vira tornado, a gota vira tempestade. Deu pra entender? Tudo tem um clímax, o apogeu, o AI MEU DEUS e depois, geralmente, dá uma caidinha. Isso é normal. Não tem como se manter sempre a mais apaixonada, mais romântica, mais autêntica, mais carinhosa, vomitando arco-íris por onde passa. Não dá, simplesmente. Vá reclamar com Deus ou com Afrodite, sei lá.
A questão é saber avaliar quando as coisas estão realmente ruins,
quando é hora de mudar ou, até mesmo, quando as coisas mudaram sem que
tenha percebido. Se você não fizer essa auto avaliação do
relacionamento, de si mesma e dele, pode acabar colecionando mais
frustrações do que conquistas. E todas aquelas promessas feitas com
tanto carinho tornam-se ameaçadoras ampulhetas à delatar o tempo que
perderam juntos.
Se você não quer discutir isso abertamente, o que eu considero uma
sábia decisão, então apenas fique atenta aos sinais que vou descrever
abaixo. E deixe uma oferenda na porta da minha casa.
1) Ciúmes irracional.
Acredito que todo mundo é adepto à teoria de que você só desconfia
daquilo que é capaz de fazer, não é mesmo? Ou seja, se você acha que seu
namorado seria capaz de te trair é como se também se achasse capaz de
traí-lo. Claro que na prática, a teoria é outra. Realmente tem muita
gente que é louca, psicopata, mas não tão hipócrita nesse sentido. Na
verdade, eu prefiro acreditar nisso. E em gnomos. Mas, o ciúmes não tem
nada daquilo que dizem “mostrar que você gosta”. Nossa, sério. Esse é o
pior argumento de todos os tempos! Eu fico agoniada só de pensar que
seja repassado de uma psico pra outra. A verdade é que o ciúmes é
claramente uma insegurança, uma posse exagerada, um apego pelo o que
nunca te pertenceu. Porque, não adianta, não importa o que você diga à
si mesma antes de dormir: ninguém é dono de ninguém. E se alguém quiser
trair, VAI TRAIR, independente do quanto você o cerque, prenda, amordace
e chantageie. Então, vamos olhar as duas situações:
1) Você sendo aquela enlouquecida cega de ciúmes. Comece a se
perguntar “por que se sente tão insegura? O que mudou pra se sentir
dessa forma?” Mas seja sincera com as respostas, de verdade. Não
replique com o que temos na ponta da língua, como manda o manual da
mulher-paranoica, mas avalie à fundo o que realmente te incomoda pra se
sentir assim, o que te machuca, o que te afeta. Não provoque ou finja
ciúmes porque isso NÃO É prova de amor coisa nenhuma.
2) Ele sendo aquele muito ciumento. Converse, faça-o sentir
segurança e não dê corda pra possessão. Não ache que isso é demonstração
de carinho e nem sinta-se mais amada por vê-lo arranjando confusão por
sua causa e se afastando de amigos por ciúmes. Isso não é legal, nem
saudável. E tampouco, maduro. Vá desdobrando aos poucos qualquer
irracionalidade à respeito de traição, insegurança, posse. Mas não se
torne submissa com medo de perder, nem aceite qualquer tipo de
agressividade com a desculpa de que “você provocou”.
Se, por acaso, essas coisas estão acontecendo então está na hora de
tomar uma atitude, um posicionamento mais forte. Ninguém tem mais idade
pra usar o ciúmes como termômetro, como parâmetro de satisfação. Se quer
tirar proveito disso, lide como algo efêmero, controlado, que pode ser
desmitificado.
2) Esperando uma mudança milagrosa.
Ainda está esperando que ele mude da água pro vinho, que se converta,
que pare de olhar pra outros rabos de saía, que se vista diferente, que
não fale mais com aquela garota? Bom, talvez, você que devesse mudar de
namorado. Pessoas podem mudar, sim. Mas isso, geralmente, acontece
quando elas querem, quando escolhem, quando se permitem. A sua pressa em
torna-lo o que você quer ou se desfazer de quem ele era não vai fazer
com que isso aconteça antes do tempo. Não podemos determinar,
infelizmente, quando e como alguém vai mudar. São coisas que acontecem
ao longo da vida, sem qualquer interferência nossa. Quer dizer,
relacionamentos que te desafiam, confrontam e te fazem evoluir, de certa
forma, mudam você. Mas isso não quer dizer que seja algo de todo bom ou
que sequer seja da forma com que você esperava. A questão é: se ainda
está esperando que esse pau que nasceu torto se endireite, está na hora
de mudar você de estratégia: se conforme ou se desapegue.
3) Brigas por qualquer coisinha.
O fato mais complicado nos relacionamentos é a frequência. É normal
você deixar passar em branco uma coisinha que te incomode e engolir sapo
uma vez ou outra, mas a partir do momento que isso se torna parte da
sua rotina, do dia a dia do casal, aquela besteinha que não era nada se
torna um gigante atrás do pé de feijão. E quando chega nesse estágio
fica muito difícil controlar as proporções que podem chegar quando
começam a discutir sobre quem vai levar o cachorro pra passear. A
verdade é que todo mundo de perto é feio e a convivência faz com que
você se torne menos tolerante com pequeninos defeitos. Respire fundo,
conte até três e tente meditar. Ninguém é perfeito e tampouco será 100%
compatível com todas as suas necessidades. Você vai ter que ser bem
paciente e, principalmente, mudo e cego se quiser manter qualquer
relacionamento sério por muito tempo. Uma atividade que pode ajudar é
enumerar as qualidades e se abster dos defeitos. É claro que é muito
mais fácil enxergarmos o que nos incomoda, nos irrita e justamente por
isso que você deve se policiar quando começar a fazer aquela enfadonha
lista mental de todos os “porquês” ele está sempre errado. É bom também
que dobre a língua quando for desdenha-lo para as amigas porque quando a
raiva passar, sempre vai parecer alguém sem palavra, sem moral. Então, a
lição que vos digo é: enumere as qualidades, os bons motivos que tem
pra ficarem juntos e seja mais tolerante. Reconheça que surtar por
qualquer coisa é um desgaste e tanto pra relação, mas também pra sua
sanidade mental.
4) Obsessão por controle.
A criatura não só quer saber a que horas você vai, mas como, com
quem, por qual caminho, que horas volta, o que vai comer e, o mais
importante, se o celular está realmente descarregando ou você quer
apenas uma desculpa pra se ausentar. Nessas horas, vale até mandar um
printscreen da tela pra provar o declínio da bateria. Gente, pelo amor
de deus, vamos com calma. Satisfação tem a ver com respeito, é bom e
todo mundo gosta. Acho, sim, bem necessária. Mas uma coisa é você dizer
pra onde vai, tudo bonitinho, outra bem diferente é você ter uma coleira
no pescoço que te proíbe de falar e fazer qualquer coisa sem antes um
aval da dona. É natural do ser humano oferecer resistência involuntária
quando se sente pressionado à algo. Por exemplo, experimente empurrar
uma pessoa aleatória (que seja tua amiga, por favor), ela vai resistir.
Vai forçar no lado oposto. É natural! É isso que somos: uma parede de
resistência e condicionamento de conduta. Em outras palavras, quanto
mais você quiser domesticar alguém a agir de determinada forma, a te
mastigar informações e te prometer fidelidade, maiores serão as chances
dele fazer isso por obrigação e não porque entende a importância ou tem
respeito por você. Se está nesse nível de controle, por favor, repense.
Esse tipo de relacionamento tem prazo de validade. E dos curtos, por
sinal.
5) Mentiras.
Mentiras jamais serão saudáveis. NÃO IMPORTA SE VOCÊ AMA SUA TIA,
ADMITA QUE O BOLO FICOU HORRÍVEL!! Não, calma. O que eu realmente quero
dizer é que eu simplesmente não consigo enxergar o lado bom de mentir
pra alguém, ainda que seja pra “proteger seus sentimentos” que, aliás, é
a pior mentira de todos os tempos. Já começa daí. Já começa tudo
errado! Se você se apega à esse falso altruísmo pra mascarar suas reais
intenções: vai padecer no mármore do inferno! E ficar gorda. E se ele se
apega à mil e umas desculpas, abre o olho. Nem tudo é o que parece. Ser
tolerante não é ser trouxa. Não vejo como um relacionamento pode ser
duradouro se for tecido em uma rede de ilusões e egoístas mentiras.
6) Pavio curto.
Ele começou a falar sobre algo e você já pensa “nossa, esse assunto
de novo?”. Ele faz uma piadinha e você rir por pena e se lembra de
quando ria porque ele estava tentando fazê-la rir e só o ato já lhe era
suficiente. Hoje não. Hoje ele é um chato, inconveniente, mas que ACIMA
DISSO, você ama. Hum-hum. Você tem certeza? Você está nutrindo, na
realidade, uma apatia que logo pode se tornar em abuso, que logo pode se
tornar um término. Não quero que fique ansiosa quanto a isso, mas
nutrir pensamentos de repulsa, lidar com o sexo como se fosse obrigação e
revirar os olhos quando seu parceiro abre a boca, claramente, não são
um bom sinal do relacionamento indo de vento em polpa.
7) Egoísmo.
Ambos tem suas necessidades, seus planos, seus sonhos, seu medos. Se
ele não é capaz de medir a importância das SUAS necessidades e pensa que
só as dele tem urgência, então, ele simplesmente não está em um
relacionamento à dois. Está vivendo um romance de mentirinha enquanto
faz suas próprias conquistas. Fim.
8) Depreciar seus sonhos.
Sério, você quer estar com uma pessoa que acha uma perda de tempo
você ser cantora, pintora, atriz? Que acha que você não devia buscar
fazer o que ama, mas sim, o que dá dinheiro? Certamente, essa pessoa não
merece estar ao seu lado. O principal pilar do relacionamento é
valorizar os sonhos dos outros. Fazer planos à dois. CONSTRUIR JUNTOS.
Comecem montando um Lego e terminem abrindo uma empresa. Parceria é
isso.
E como o próprio nome diz já foi enterrado e esquecido. Todo mundo já
fez coisas que se envergonha, ou seja, ninguém tem o direito de lhe
apontar o dedo na cara e julgar seu comportamento rebelde de quando
tinha 15 anos. É extremamente cansativo estar com alguém que precisa
provar o seu valor toda hora, que precisa provar que gosta, que apenas
precisa provar quem é.
10) Pressão para casar.
Temos essa pressa de dar certo, de fazer as coisas certas, de ser
alguém que vale a pena. E, as vezes, a pessoa que a gente está
simplesmente não quer isso AGORA. Vai colocar uma faca no pescoço dele?
Vai cobrar dele datas, lugares, compromisso? Isso não existe. Você VAI
TER que aceitar e respeitar os interesses dele também. Afinal, ISSO é
estar em um relacionamento.
Por Samanta
Nenhum comentário:
Postar um comentário