Eu não consigo me lembrar
necessariamente quando tudo mudou. É engraçado vermos o mundo a nossa volta
tomar outra forma, mudar o foco da preocupação, a história do momento. Dizem
que não é o mundo que se altera, somos nós que evoluímos (ou regredimos) e
então surge a diferença do ontem para o hoje e obviamente para o amanhã. É uma
indagação muito crua ainda, mas eu sinto - eu me sinto diferente. Enquanto vejo
muitos amigos e conhecidos crescerem como pessoas, como profissionais e blá blá
blá, vejo outros na inércia. Mas não é qualquer inércia, é como se tempo não
tivesse passado para ela e aquilo que ela vive, ou revive, a basta.
É inconsciente, mas todos queremos
estar melhor hoje do que estivemos ontem e não estou generalizando apenas para
questões monetárias, eleve esta constatação para algo muito mais grandioso. Foca
na personalidade, nos costumes, nos desvios de caráter e no caráter. Imagine a
pessoa viver exatamente como vivia quando tinha lá seus vinte e poucos anos, ou
pior, lá na sua adolescência. Mesmo ideal, mesma opinião (boa ou ruim), mesmos
costumes e os mesmos maus costumes.
Em que momento mudamos? Quando
acontece o estalo da vida para começarmos a nos mexer? Sinceramente eu não sei.
O que eu sei é que me vejo completamente diferente e sabe quando me dei conta?
Quando abri as páginas de vendas hoje.
Meu histórico é dominado de sites
de cursos de especialização e coisas do tipo, os sites de vendas agora carregam
nomes de eletrodomésticos, imobiliárias e de decoração, as contas no fim do mês
são para ver se consigo comprar o meu carro e (mais grandiosamente) uma casa. Quatro
anos atrás a minha única preocupação era se a grana daria para as minhas farras
mensais, faculdade e gasolina da moto. Não precisava de mais nada pois aquilo
me bastava e estava ó, joinha demais.
Uma noite na minha aula de inglês
conversando com minha professora, que também é uma conhecida de longa data, nos
vimos no mesmo desejo: a conquista do nosso lugar. Perdemos espaço e a privacidade,
a casa de nossos pais não representam mais a liberdade que queremos. Não existe
o sentimento de que a casa deles é a nossa casa também, somos peixes fora da
água, somos intrusas. Então, já rindo de nossa conclusão fatídica, percebemos
que fazemos as mesmas coisas quando estamos de bobeira na internet: entrando em
sites de eletrodomésticos, imobiliárias e de decoração.
Enquanto escrevo sobre o quanto
meu foco alterou-se, meus amigos e colegas inercies estão ouvindo as mesmas
músicas, comentando as mesmas babaquices nas redes sociais, fumando sua maconha semanal e fazendo as mesmas coisas que a dez anos atrás. Basicamente vivendo a sua vida
de vinte e poucos anos.
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