Essa semana participei de um programa na Globo News e
a minha caixa de emails ficou repleta de cartas (sim, cartas) de
tiozões dando suas opiniões contrárias às minhas e à minha existência –
que, lembrando, ninguém nem perguntou e nem tem interesse, mas eles
acharam pertinente mandar. Li, é claro, toda a sorte de merda, e o que
todos eles tinham em comum era:
VOCÊ É UMA MULHER MUITO ANTIPÁTICA!
Onde já se viu, né?
Mulher tem que sorrir. Mulher tem que ser simpática, querida, doce.
Sorria, mulher!
Então: não. E defendo o direito de não ser simpática, que nem antes
de ser feminista eu estava nesse mundo pra agradar, muito menos pra
agradar sujeitos que acham que as mulheres devem algum tipo de coisa a
eles.
Fico aqui imaginando quantos homens firmes em suas posições são
chamados de “antipáticos” quando vão defender seus pontos em um programa
de entrevistas. Acredito que nenhum, né? Mas mulher, ah, mulher tem que
sorrir, tem que ser simpática, tem que sempre estar maternalmente
disposta a passar a mão na cabeça e explicar as coisas com toda a doçura
e paciência.
Não é uma exclusividade da mulher brasileira ter que ouvir essas asneiras. A artista americana Tatyana Fazlalizadeh
fez uma série de pôsteres intitulada “Parem de falar para as mulheres
sorrirem” e espalhou pelo Brooklyn, em NY, tratando sobre essa ideia de
que as mulheres devem simpatia ou qualquer coisa a quem as dirige a palavra e também sobre assédio nas ruas.
Houve uma época em que ficava meio bolada de ser estigmatizada como
metida, antipática e até arrogante, mas fui percebendo que isso só
acontecia porque eu sou uma mulher que não age de acordo com as regras esperadas e nem possui os atributos tão associados às mulheres – entre eles a delicadeza e a simpatia. E isso é sintoma de que, hein migas?
Sigamos lutando e incomodando esses tiozões, né mores, pois se eles
tivessem gostado significaria que alguma coisa estava errada.
Se tem machista se incomodando é porque estamos no caminho certo.
Li no Lugar de Mulher
Texto de Clara
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