Eu já escrevi cartas carregadas de amor porque era o que eu
sentia, ao menos achava que sentia. Infelizmente com o tempo isto escapa pelos
nossos dedos como água que nem sentimos, quando percebo não havia mais nada lá e
todas aquelas palavras não expressavam nada de valor, alem de palavras e mais
palavras.
Minhas mãos ficam geladas só de eternizar isto que eu sinto
agora e em algum momento onde predomine a nossa teimosia e talvez o
egoismo, todo o sentido se perca. Olhar para trás e ver cartas seria como
reviver um fracasso. Não quero passar pelo momento em que todas as mulheres um
dia já passaram: ler as cartas enviados a aqueles que detinham nossos
sentimentos e sentir o vazio das linhas. Reler cada letra que foi passada ao papel com
tanto fervor e paixão e não arrepiar um sequer do corpo.
Cartas de amor são lindas e cruéis. Eu prefiro supervalorizar
sua crueldade sentimental e me manter afastadas delas e de qualquer vulcão
emocional. Eu prefiro recados pequenos. Eu prefiro lembretes. Eu prefiro que
escreva frases nos meu livros. Essas coisas desconexas fazem mais sentido pra
mim.
Uma frase boba em algum canto, um papel pequeno e menos
chamativo é aonde ira encontrar minhas demonstrações, e elas terão mais valor do
que um papel com vinte e tantas linhas de descrição amorosa. Acredite. Talvez me
falte as palavras, mas jamais sentimentos.
V.S.R.
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