Foi em um
sábado qualquer que percebi que a sua ausência não é sentida com dor e
tristeza. Um sábado
daqueles cinzentos de ora sol, ora nuvens, que sentada na varanda me dei conta
o quanto sou completa e só.
Por muito
tempo mantinha um ritmo em minha vida onde tudo era você. Os convites de meus
amigos eu não dava respostas exatas, deixava no ar um “talvez”, “vamos ver”,
“te ligo mais tarde qualquer coisa”, apenas porque eu esperava mentalmente com
os dedos cruzados o teu chamado, aquele SMS, um “oi” nos conversadores
instantâneos nos 45 minutos do segundo tempo da sexta-feira, a ligação às 20
horas da noite.
Completamente
boba, agia de todas as formas possíveis das quais nunca gostei e aprovei nos
relacionamentos alheios.
Sinceramente
não sei se o meu erro foi sem mais nem menos me entregar sentimentalmente.
Nunca gostei de jogos na conquista e talvez por isso eu vá muito direto ao
ponto “gosto de ti e ponto final”, algum problema? E lá estava eu, trancafiando
uma dor oculta no sorriso do meu rosto de todos os finais de semana. Foram
meses difíceis.
Enfim, o
tempo cura tudo certo? Certo! O tempo me ensinou assim como ensina todas nós,
velhas teimosas, que o nosso amor deve ser completamente entregue a nós mesmos,
para depois ser dividido com outro alguém.
Parei com as
tolices de adolescente: esperar ligações, SMS ou chamados. Comecei a sair sem
me preocupar em olhar o celular a cada 15 em 15 minutos só para ter certeza de
que me procurara. Eu comecei a rir porque eu tinha vontade de sorrir. A vida
começou a fluir em minhas artérias e você já não me tirava o sono ou o prazer
de me divertir.
Eu estava
sendo o meu EU, o verídico, a teimosa, a orgulhosa.
Dormia sem nenhum remorso de ser sábado à
noite e pelo fato de eu estar em casa. Fazia meu chimarrão aos domingos e
sentava a sombra das árvores sem me preocupar em dar voltinhas na cidade para
ver “gente”. Comecei a adormecer com livros em minhas mãos e a não acordar mais
com o toque de SMS recebido.
O sentimento
por ti ainda era o mesmo, porém, a minha postura era outra. Não comecei a usar
jogos de conquista e ainda falava olhando nos seus olhos que “sim, gosto de
você”. Talvez a minha sinceridade e o meu sem mais nem menos de entrega
sentimental é que te pegou. Vai entender.
E hoje,
neste sábado qualquer, percebi que o meu tédio natural de não fazer nada é o
mesmo de quando estou com ou sem você. Nada muda, nada é ou deixa de ser
especial com ou sem você. Sempre fui muito independente e com você ao meu lado
perdi esta independência da qual hoje... Percebi que a tenho de volta.
O sentimento
por ti ainda é o mesmo, eu juro. Só consolidei o estilo de vida amorosa que
sempre procurei ter: eu posso sim viver
sem você, apenas não quero isso.
V.S.R.
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