Eles
são bolinhas de pelo que mexem com nossos corações, mas também com os
de nossos escritores favoritos, a ponto de fazerem parte de suas obras
de ficção.
No Homo Literatus já falamos sobre os escritores e seus animais de estimação,
mas agora vamos mostrar a vocês como, especificamente, os gatos
influenciaram a escrita de grandes gênios da literatura. Gente do
calibre de: Charles Bukowski, Truman Capote, Jorge Luis Borges, Ernest
Hemingway, Neil Gaiman, Stephen King, Edgar Allan Poe, Patricia
Highsmith, William S. Burroughs e Julio Cortázar.
Veja abaixo a história de cada um deles com seus gatinhos:
Charles Bukowski
Alemão naturalizado americano, Charles Bukowski foi poeta, romancista e contista, amplamente influenciado pela vida comum da classe baixa americana, álcool e mulheres. Bukowski foi descrito pela Time, em 1986, como o “laureado canalha americano”. Ele publicou mais de sessenta livros, muitos deles com foco em sua casa, na cidade de Los Angeles. Entre suas obras mais famosas estão seus diversos livros de poesia, além dos romances: Factotum, Misto quente e Mulheres.
Ele também adorava gatos. Dizem que certa vez, afirmou o seguinte:
“Ter um bando de gatos por perto é bom. Se você está se sentindo mal, é só você olhar para os gatos e vai se sentir melhor, porque eles sabem que tudo é, tal como é. Não há nada para ficar animado. Eles apenas sabem. Eles são salvadores. Quanto mais gatos você tem, mais tempo você vive. Se você tem uma centena de gatos, você vai viver dez vezes mais do que se você tem dez. Algum dia isso vai ser descoberto, e as pessoas terão mil gatos e viverão para sempre. É realmente ridículo”.
Há um poema seu chamado: My cats.
Truman Capote
Escritor americano, Capote produziu contos e romances de não-ficção, tendo como suas obras mais conhecidas Bonequinha de Luxo e A Sangue Frio.
Ele era abertamente homossexual, além de um socialite ativo. Há rumores
de que Gore Vidal disse que “Truman Capote tentou, com algum sucesso,
entrar em um mundo que eu tenho tentado, com algum sucesso, sair.”
Embora o amor de Capote por gatos não seja bem documentado, o felino sem nome em Bonequinha de Luxo
desempenha um papel importante no coração da história. Holly resume a
novela com a citação: “Se eu pudesse encontrar um lugar da vida real que
me fizesse sentir como Tiffany, então eu ia comprar alguns móveis e dar
um nome ao gato.”
“Pobre desgraçado… – lamentou-se, coçando-lhe a cabeça. – Pobre desgraçado sem nome. Não é muito correto que ele não tenha um nome. Mas eu não tenho qualquer direito de lhe pôr um nome, vai ter de esperar pertencer a alguém. Nós apenas nos encontramos um belo dia à beira-rio, não pertencemos um ao outro, ele e eu somos independentes”.
-Truman Capote, em Bonequinha de luxo
Jorge Luis Borges
Nasceu em Buenos Aires, Argentina, e escreveu contos, ensaios e poemas, incluindo os aclamados livros Ficções e O Aleph,
coletâneas de contos interligados pelos temas: sonhos, labirintos,
animais, espelhos e Deus. Ele é conhecido como um “realista mágico”, e
foi, de fato, o primeiro autor descrito por este termo, pelo crítico
Angel Flores. O escritor JM Coetzee disse que “ele [ Borges], mais do
que ninguém, renovou a linguagem de ficção e, assim, abriu o caminho
para uma geração notável de romancistas hispano-americanos”.
Além de inúmeras fotos que se vê de Borges ao lado dos felinos, há um poema seu chamado A um gato (na íntegra abaixo).
"A um gato
Não são mais silenciosos os espelhos
Nem mais furtiva a aurora aventureira;
Tu és, sob a lua, essa pantera
que divisam ao longe nossos olhos.
Por obra indecifrável de um decreto
Divino, buscamos-te inutilmente;
Mais remoto que o Ganges e o poente,
É tua a solidão, teu o segredo.
O teu dorso condescende à morosa
Carícia da minha mão. Sem um ruído
Da eternidade que ora é olvido.
Aceitaste o amor desta mão receosa.
Em outro tempo estás. Tu és o dono
de um espaço cerrado como um sonho."
Nem mais furtiva a aurora aventureira;
Tu és, sob a lua, essa pantera
que divisam ao longe nossos olhos.
Por obra indecifrável de um decreto
Divino, buscamos-te inutilmente;
Mais remoto que o Ganges e o poente,
É tua a solidão, teu o segredo.
O teu dorso condescende à morosa
Carícia da minha mão. Sem um ruído
Da eternidade que ora é olvido.
Aceitaste o amor desta mão receosa.
Em outro tempo estás. Tu és o dono
de um espaço cerrado como um sonho."
Ernest Hemingway
Escritor americano, publicou romances e contos, além de ter atuado como jornalista. Muitas de suas obras são consideradas clássicos da literatura americana, incluindo O velho e o mar, Adeus às armas, e Para quem os sinos dobram. Veterano da Primeira Guerra Mundial, Hemingway produziu uma ficção bastante firme, através de uma abordagem masculina. Em 1954, foi contemplado com o Prêmio Nobel de Literatura.
No
final dos anos 40, o escritor chegou a ter 23 gatos em um determinado
momento, e era conhecido por se referir a eles como “fábricas de
ronronar” e “esponjas de amor”.
Em
1953, o gato de Hemingway, Uncle Willie, foi atingido por um carro.
Hemingway escreveu uma carta comovente para seu amigo Giangranco
Ivancich, e terminou-a com a seguinte frase:
“Um gato tem honestidade emocional absoluta: os seres humanos, por uma razão ou outra, podem esconder os seus sentimentos, mas um gato não o faz.”
Neil Gaiman
É autor de romances, contos, Graphic Novels. Bastante conhecido por sua série de quadrinhos Sandman, além de romances como: Coraline, Deuses Americanos e Filhos de Anansi, entre outros. Uma verdadeira referência “pop-nerd”.
Neil Gaiman também ama gatos. Ele tem vários animaizinhos e muitas vezes narra suas aventuras com eles em seu Blog.
Entre os gatos que ele teve recentemente estão: Coconut, Hermione, Pod,
Zoe, e a caricatural Princess, que Gaiman descreve assim:
“Eu cresci tão acostumado a ter um gato mal-humorado, mas bonito que eu preciso alertar os visitantes sobre. Ela sobreviveu a todos os gatos que eu amava e todos os gatos que eu me liguei.
E eu acho que ela cresceu se aproveitando de mim.
Quando
Zoe morreu, foi muito fácil de explicar às pessoas o quanto dói você
perder um gato doce, gentil, que não passava de uma bola de amor total.
Eu vou ter muito mais dificuldade em um dia, meses ou mesmo anos
explicando a falta que me faz a perda da gata grumpiest mais perigosa e
mais malvada que eu já encontrei. “
Stephen King
Terror,
fantasia e ficção científica são os gêneros de Stephen King, uma
verdadeira máquina de escrever romances, contos e livros de não-ficção.
Ele também ficou conhecido por muitos filmes baseados em sua obra,
incluindo O Iluminado, Conta comigo (Stand By Me), e Cemitério Maldito (Pet Semetary).
Apesar
de num seus contos, King ter dito: “pode ser que a maior divisão do
mundo não são os homens e mulheres, mas as pessoas que gostam de gatos e
pessoas que gostam de cães,”, a família do escritor sempre teve muitos
animais das duas espécies.
Edgar Allan Poe
Poe
era amante de gatos, e ele e sua esposa (a prima Virginia) tinham um
animalzinho chamado Catterina. Um de seus contos mais assustadores, O Gato Preto, conta a história de um narrador que amava o seu gato Plutão,
até que ele chega em casa bêbado, tenta agarrar o seu gato, e recebe
uma mordida em troca. O contador de histórias arranca o olho do gato,
depois o enforca. Atormentado pela culpa, adquire um gato semelhante.
Mas começa a se inclinar para a loucura e chega a matar sua mulher com
um machado em um acesso de raiva. O restante do conto, vale a pena ler.
Não vamos estragar a surpresa.
Para encerrar, uma frase de Poe:
“Eu gostaria de poder escrever algo tão misterioso quanto um gato.”
Patricia Highsmith
Ela escreveu thrillers psicológicos amplamente aclamados, incluindo Strangers on a Train, que depois foi adaptado para o cinema por Alfred Hitchcock em 1951, e O Talentoso Ripley. O protagonista/assassino deste último livro, Tom Ripley, foi destaque ainda em mais quatro romances de Highsmith.
A
escritora foi amante dos animais, de gatos a caracóis de estimação.
Urich Weber, o curador do arquivo de Highsmith, uma vez explicou que
“ela estava muito feliz entre os gatos. Deram-lhe uma proximidade que
ela não podia suportar a longo prazo das pessoas. Ela precisava de gatos
para seu equilíbrio psicológico “. Ela ainda disse: “Tudo humano me é
estranho.”
William S. Burroughs
Romancista,
contista e ensaísta, William Burroughs é amplamente influente na
literatura e cultura pop, declarado por Norman Mailer como “o único
escritor americano que pode ser considerado possuído pelo gênio”. Seu
livro mais famoso, Almoço Nu, passou por um processo judicial devido às leis anti-sodomia dos EUA na época.
Burroughs
foi um amante de gatos, tão devoto que os chamou seus “companheiros
psíquicos”, e descreveu-os como “inimigos naturais do Estado.” Ele
escreveu um livro, The Inside Cat, onde cita carinhosamente seus companheiros: Calico Jane, Fletch, Rooski, Wimpy e Ed.
E claro, tem uma frase fofinha do Burroughs em The Inside Cat que merece ser citada:
“O gato não oferece serviços. O gato se oferece. “
Julio Cortázar
Romancista
argentino, ensaísta e contista, Julio Cortázar tem sido chamado de
“mestre moderno do conto” e é conhecido como um dos fundadores do ‘Boom
latino-americano “, que trouxe a literatura latina para um público muito
mais amplo na Europa e América – um movimento que também incluiu
Gabriel García Márquez, Carlos Fuentes, Jorge Luis Borges, e Pablo
Neruda. Cortázar é sobretudo conhecido por seu uso de monólogo interior e
fluxo de consciência. Seu romance mais famoso Jogo da amarelinha.
Cortázar também amava os felinos, entre eles seu gatinho chamado Theodor W. Adorno, sobre o qual escreveu extensivamente no livro A Volta ao Dia em Oitenta Mundos. Aqui vai uma citação:
“Às vezes eu ansiava por alguém que, como eu, não estava ajustado perfeitamente com sua idade, e essa pessoa era difícil de encontrar, mas logo descobri gatos, em que eu poderia imaginar uma condição como a minha, e livros, onde encontrei a mesma coisa muitas vezes. “
E aí, qual o seu escritor-gato preferido?
Via: Homo Literatus
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