Eu não estava ligando para minha
saúde ou o bem estar, só queria dar o grito da independência e fazer o que
desse na telha. Cansada de estar encaixada no rol das namoradas bonitinhas e
comportadas, aquelas que no fim sempre são traídas por um motivo não muito
definido. Meu
estômago ainda estava dolorido do soco que recebi daquele que na minha tola
cabeça era o máximo de felicidade que eu poderia alcançar.
Não queria ser para casar, não
queria ser o ideal de mulher, nada de ser a “sexy sem ser vulgar”; eu estava
pouco me fudendo para tudo e todos agora. Meu nome era rua de segunda a
segunda: bar, amigos, cerveja, inúmeras noites em claro, cigarros, alguns
baseados, whisky e vômitos... Muitos vômitos, dor de cabeça e ressaca.
Eu realmente estava me esforçando
para ser o ponto errado de uma sequencia de fotos da vida. A ovelha negra que
se perdeu na farra depois de um longo tempo amarrada em um potreiro nada
amigável. As coisas fediam a minha volta mas o cheiro já não me perturbava, uma
clara situação de concedente com a infelicidade; não a sua, nem a dele mas a
minha infelicidade. Plantando e esperando florar um grande jardim que antes de
tudo já estava morto.
Oi, prazer, sou a que busca a
felicidade perdida na esbórnia sem nenhum remorso. Não quero ser meiga contigo,
nem sua amiga e muito menos seu próximo amor. Não quero seu abraço nem sua demonstração
de afeto. Não faça carinho nos meus cabelos e não pergunte como foi meu dia,
não quero conversar, não quero laços, não quero plantar no meu jardim novas
flores. Quero-o seco e obscuro.
Esquecer que existe amor e
acreditar que nada é verdadeiro o suficiente para valer a pena, que lágrimas
são para as fracas e eu estou na pista sem me importar com o que você pensa,
vai achar ou concluir. Não peça explicações, neste molde de “dois” que
formalizamos isto é utopia. Nada de mensagens. Nada de boa noite. Nada “de
estou com saudade”.
Grande tola.
Este nada trouxe à vida a mulher
meiga que fiz questão de afogar nas minhas lágrimas e tranca-la no mais profundo
dos poços sentimentais. Pronunciava em silencio o quanto era bom estar contigo
sem fazer nada, olhando para o teto e conversando enquanto mexe e faz carinho
nos meus cabelos. Pergunto como foi seu dia e me engajo em fazê-lo sorrir.
Recebo mensagens de bom dia, boa noite, bom trabalho e gostava.
Convidava-me para jantar e beber um
bom vinho e imagino que não é amor, que não vai durar, que não estou
apaixonada, que a minha teimosia ainda esta lá e que me perdi tanto em minha
amargura que tenho medo de expressar-me.
Era para ser nada, mas tornou-se tudo.
V.S.R.
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